A HLTV.org, órgão de estatística de Counter-Strike: Global Offensive, divulgou, em 19 de março, o ranking das equipes no cenário competitivo do esporte eletrônico. A maior surpresa foi a queda da equipe brasileira SK Gaming, da primeira para a quinta posição. Mas afinal, como o time que mais venceu campeonatos em 2017 foi ultrapassado por quatro times em três meses?

Por motivos pessoais, o entry fragger João “felps” Vasconcellos anunciou seu desligamento da equipe em outubro do ano passado. Para sua vaga, um velho conhecido da equipe brasileira foi chamado. Ricardo “boltz” Prass, que já havia atuado ao lado de “coldzera”, “FalleN” e “fer”, pela Luminosity Gaming em 2016, voltou para sua antiga line que, em sua ausência, havia se tornado a equipe brasileira mais vencedora de todos os tempos. O jogador retornava com mais experiência internacional, sagrando-se, por exemplo, vice-campeão da major PGL Kraków pela Immortals, em julho de 2017.

A SK com “felps” e Fernando “fer” Alvarenga, apesar de ter conquistado bons resultados, apresentava certo desequilíbrio. A dupla, com características muito semelhantes de agressividade, havia adaptado seu jogo para não comprometer a performance do time. Isto fez com que fer não desempenhasse mais sua forma natural de jogar, com rushs inesperados e jogadas improvisadas, que surpreenderam o mundo em campeonatos internacionais. Neste sentido, boltz era o encaixe perfeito, funcionando como ponto de equilíbrio para que fer voltasse ao seu padrão.

O começo de ano ruim

O início de 2018 não foi de bons resultados para a SK Gaming, comparado ao que a comunidade brasileira havia se acostumado. No primeiro Major do ano, que aconteceu em Boston, a camisa verde-amarela pereceu, na semifinal, para o azul dos azarões americanos da Cloud9: dois mapas a zero. Entre as razões para a derrota da equipe, que tinha status de favorita ao título, estava o impedimento de atuação de boltz, que já vinha treinando com o time, por ter competido no classificatório fechado da mesma competição, pela Immortals. A sinergia do time ficou claramente comprometida, uma vez que a SK não readequou seu modo de jogar para felps, o substituto imediato. Em final contra a FaZe Clan, a Cloud9 conquistou o título, que era inédito para organizações dos Estados Unidos.

... 652"> Cloud9 levantando o troféu da Eleague Major Boston: 2018. (Foto: Divulgação/Valve)

Em fevereiro, na cs_summit 2, os brasileiros também deixaram a desejar. Já completa, a equipe foi bem na chave dos vencedores, perdendo apenas na final da mesma, novamente para a Cloud9. Na semifinal contra o vencedor da chave dos perdedores, entretanto, a SK Gaming foi novamente eliminada, por dois mapas a zero, para outro time americano: a Team Liquid. Este, por sua vez, conquistou o campeonato vencendo a Cloud9 por 3x2. Os brasileiros ainda pioraram seu rendimento na StarLadder & i-League StarSeries Season 4, IEM XII e na WESG, em fevereiro e março deste ano, onde colecionaram eliminações precoces e não chegaram ao top 4 de equipes.

A FaZe Clan teve ascensão meteórica no ranking da HLTV.org. A equipe europeia, que no ano passado conseguiu reunir lendas como Finn “karrigan” Andersen, Nikola “NiKo” Kovac, Ladislav “GuardiaN” Kovács e Olof “olofmeister” Kajbjer, alcançou a primeira colocação do mundo sem conquistar um título de expressão. Neste ano, entretanto, foi vice-campeã do ELEAGUE Major: Boston 2018 e da IEM XII, o que resultou em US$ 252 mil em premiações.

Enquanto o melhor time brasileiro tenta se reerguer, alguns compatriotas estão tendo sucesso internacionalmente. Lucas “steel” Lopes, ex-companheiro de “FalleN” e companhia, está na Team Liquid apresentando um excelente nível de jogo. O ex-técnico da LG, Wilton “Zews” Prado, também se juntou a steel, tendo inclusive atuado em algumas partidas como jogador, sem comprometer o rendimento do time.

Em 2017, a SK Gaming teve o ano mais vitorioso da história do Brasil na franquia Counter-Strike. Conquistando seis campeonatos e dois vices, a equipe coletou a bagatela de US$ 1,15 milhão. O time tenta ainda quebrar um tabu que perdura no cenário brasileiro do esporte eletrônico: ser a primeira equipe brasileira a ser campeã de um Major sem Lincoln “fnx” Lau, que está atualmente na Não Tem Como.



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