Final Fantasy 7 Remake nasceu para trazer um dos maiores clássicos do videogames para os dias atuais. FF7 é um jogo lembrado como um dos melhores dos anos 90, e possui muitos fãs. Porém, como foi lançado em 1997 para PlayStation, pode não agradar os novos jogadores e daqueles que não gostam de jogar os games da velha guarda. O Remake é não só uma oportunidade de trazer novos fãs para o clássico, como tem tudo para se tornar um por si só. Confira o review do novo game da Square Enix e veja se vale a pena.

História e personagens

A história do novo FF7 é bastante fiel à original: Cloud Strife é um mercenário que ajuda um grupo de rebeldes chamado Avalanche a destruir a Shinra, uma empresa multinacional gigantesca que controla o Mako - a energia vital da Terra, além de ter fortes influências no exército e na imprensa. A Avalanche quer libertar o Mako das garras da companhia, e planeja ataques às bases da Shinra para destruir seus geradores de energia.

No enredo principal, Cloud encontra inúmeros aliados que são muito importantes para a história, como Barrett, Jessie, Biggs e Wedge, os membros da Avalanche, além de Tifa Lockhart e Aerith Gainsborough, algumas das principais personagens do game. Todos os figurantes são extremamente bem desenvolvidos, com diálogos ricos, históricas paralelas bem construídas e personalidades bem marcadas. Além, claro, do próprio Cloud, que vive com lembranças terríveis do seu passado e sempre assombrado pelo famigerado Sephiroth.

Neste ritmo, o jogo vai levando por muitos locais diferentes, como as próprias bases da Shinra - que são complexos industriais e tecnológicos gigantescos -, além das próprias comunidades onde os personagens principais vivem. Você conhece a casa, a família, a vizinhança e muitos detalhes pessoais deles.

Além disso, os vilões são shows à parte. Apesar de não tão bem desenvolvidos quanto os mocinhos, eles são todos muito interessantes e levantam muitas curiosidades sobre suas intenções e suas personalidade. Além, claro, das suas aparências, trejeitos e ataques serem muito impressionantes.

Gráficos

Para quem jogou o Final Fantasy original, de 1997, só de ver as imagens na tela já é muito emocionante. O novo game cuida de todos os detalhes para remeter exatamente àqueles personagens e cenários pontiagudos do PS1, mas com gráficos que deixam até mesmo jogos recém-lançados no chinelo. Ambientação, iluminação, movimentos, tudo chama muito a atenção, logo de cara.

Claro que as cinemáticas (os "vídeos" no meio do jogo) são o grande fenômeno, com takes que deixam qualquer um boquiaberto. Mas, durante o jogo, os gráficos também não deixam nem um pouco a desejar. Com exceção de raras cenas, principalmente com personagens falando, que às vezes deixam passar uns detalhes feios, como se a boca deles estivessem "descoladas" do rosto.

De resto, porém, não tem o que reclamar. A cidade de Midgar é reconstruída com uma grande quantidade de detalhes e diferentes ambientes. Você vai encontrar lugares supertecnológicos, com luzes e máquinas por todos os lugares; zonas de comunidade que lembram verdadeiras favelas e até um bairro charmoso de subúrbio, onde vivem os trabalhadores da empresa Shinra, a grande "vilã" do game.

É realmente impressionante. Muitas vezes dá vontade de largar o controle e ficar só apreciando as cenas, luzes e cores que as telas mostram. Bom, e muitas vezes é o que você acaba fazendo mesmo, dada e enorme quantidade de cinemáticas no game.

Jogabilidade

A jogabilidade do Final Fantasy VII Remake é um verdadeiro diferencial do game. Mas prepare-se, porque ela é bastante diferente da do jogo clássico, que era um RPG básico, em que você andava pelo mapa e tinha que alternar entre turnos contra os adversários para atacar. No novo game, você controla Cloud livremente, tanto no mapa quanto nas lutas, e ataca como bem enten

... der. A grande sacada é o sistema de magias e itens, por meio do ATB (Active Time Battle), em que você precisa escolher bem os momentos para "pausar" sua ação e aplicar o golpe mágico ou uma poção de cura, por exemplo.

Isso torna o game bem mais ativo e divertido do que outros RPGs que se prendem ao sistema de combate em turnos. O Final Fantasy 13, por exemplo, tinha um sistema muito mais cadenciado, de escolha de golpes e magias, que às vezes se tornava cansativo.

Além disso, durante as batalhas, é possível trocar em tempo real entre os personagens ativos (apenas tocando a seta para o lado na cruz do controle). Isso cria uma dinâmica muito interessante no game, sem contar que pode tornar as lutas mais simples ou complicadas, dependendo de quem você escolhe controlar. Conforme os níveis de dificuldades dos inimigos vai aumentando, saber trocar entre personagens na hora correta se torna muito importante, inclusive para sincronizar ataques e magias contra os vilões.

De resto, o game aposta em caminhadas simples por um extenso mapa. O que torna a jogabilidade um pouco cansativa são os momentos em que você precisa caminhar devagar atrás de algum personagem enquanto ele conversa com você. Outro ponto que pode incomodar os que estão acostumados a games mais modernos, é a falta da opção de pular no jogo. Só é possível dar saltos em momentos específicos, quando aparece a opção no chão para pisar em cima.

Esse sistema de "opções" de comandos, aliás, às vezes torna as ações um pouco frustrantes. Para andar através de um local apertado, por exemplo, é necessário pisar no ícone que aponta a possibilidade de passar por ali, e depois se esgueirar lentamente pela passagem. A mesma coisa acontece para subir escadas, por exemplo. Porém, de certa forma, isso aproxima mais o jogo do FF7 clássico e de outros RPGs, e depois que você se acostuma fica um pouco menos perturbador.

Diversão

FF7 Remake é um jogo para te deixar muitas horas na frente do videogame. Se não bastasse a história, que é muito rica, cheia de nuances e com muito desenvolvimento dos personagens, toda a dinâmica do game te faz sempre querer continuar e ficar mais forte.

Pela possibilidade de poder aprimorar suas armas e desbloquear itens "escondidos" que podem te ajudar muito nas batalhas, fica impossível deixar passar uma missão extra ou uma escadinha que parece sem sentido aqui ou ali. Até para quem não é "completista" e não fica atrás de troféus, dá muita vontade de ver os cantinhos e falar com o máximo de personagens possível.

As batalhas, principalmente contra os chefes, são um destaque à parte, também. Além de todos os inimigos serem muito bem construídos e caracterizados (dá vontade até de poder jogar com vilões como Reno e Rude), as dinâmicas da luta são sempre muito divertidas e cheia de aprendizados. Quando você morre, sempre aprende algum ponto fraco do inimigo para poder explorar na próxima tentativa. Um show à parte.

Além disso, como em qualquer RPG que se preze, a evolução dos personagens está presente em FF7 Remake. Mas, um ponto muito positivo é que não são apenas "níveis" que você ganha para distribuir atributos de melhoria entre os lutadores. Existe uma verdadeira dinâmica em como você pode ganhar novos golpes (com animações e efeitos bem diferentes) e como isso pode mudar as suas chances em uma batalha mais difícil.

O sistema se baseia, assim como no game original, nas Matérias, que são elementos que você aplica nas suas armas e equipamentos. Algumas te dão ataques novos, outras magias. E ainda tem aquelas que te permitem invocar um monstro gigante para te auxiliar nas batalhas. O mais divertido é que, se você não explorar bem o jogo, você pode perder essas matérias de invocação e nunca conhecer as criaturas. Dá até um medo de passar batido de um local ou de alguém.

Além disso, ainda é possível melhorar suas armas e até conseguir novas. Mais uma vez, se você der bobeira pode acabar perdendo itens diferenciados que vão te ajudar nas batalhas, no futuro.

O único ponto que pode, muitas vezes, irritar um pouco, são as missões mais "bobas" que aparecem pelo game volta e meia. Entre tantas batalhas épicas e história tão rica, fazer desafios como encontrar crianças pela cidade ou resgatar gatinhos pode dar um certo tédio. Não que sejam ruins, mas muitas vezes não condizem com todas as coisas incríveis que estão acontecendo paralelamente.

Outros detalhes são "bobos", mas muito legais, porém. Por exemplo, a possibilidade de comprar discos de vinil com a trilha sonora do game. As músicas eram um dos grandes destaque do FF7, e isso foi homenageado não só com a reformulação da trilha original, como com esta possibilidade de fazer uma coleção com as canções e tocar quando quiser nas jukebox. Uma baita homenagem.

Conclusão

Final Fantasy 7 Remake era um dos games mais esperados dos últimos anos, e cumpriu exatamente o que todo mundo queria: homenageia um dos maiores clássicos dos RPGs, sem perder em originalidade, diversão e gráficos impressionantes. A história está ali, os personagens são muito fiéis e muito bem desenvolvidos... enfim, é a fórmula perfeita para qualquer fã da série e, principalmente, do game original.

E não só isso. Para quem nunca jogou Final Fantasy na vida, essa é certamente um título que vai agradar demais. Porque, independente de ser um remake, ele é um game completo e muitíssimo bem feito. Apesar de ter alguns pontos que tornam a história confusa, como não saber quem é Sephiroth ou a Shinra, presentes em outros games da série, não demora muito para o jogador ir descobrindo as nuances e detalhes da mitologia do FF.

Com tudo isso, apesar de alguns pontos "fracos", o jogo é basicamente perfeito. Agrada fãs de RPG e até aqueles que não gostam do gênero. Esse é certamente um dos principais jogos de 2020, se não o melhor. E não espere que vá surgir um outro à altura tão cedo.



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