FIFA 21 chama a atenção pelas suas músicas, assim como outros games da franquia da EA Sports. Sua playlist principal conta com 43 canções, de 18 países diferentes, que compartilham uma mesma vibração e se tornam essenciais à jogabilidade. Além do inglês, que domina a lista, também fazem parte singles em dinamarquês, coreano, italiano e quatro em espanhol, incluindo o hit "Me Gusta" da brasileira Anitta em parceria com a rapper americana Cardi B. Os gêneros mais presentes são rap e indie, mas nem sempre foi assim. A seguir, entenda mais sobre como funciona o processo de escolha e criação de playlists de FIFA 21 e jogos anteriores da série.

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De olho nas novas gerações

No começo dos anos 2000, as trilhas sonoras do jogo eram formadas essencialmente por rock. O FIFA 98 transformou “Song 2”, da banda inglesa Blur, em um clássico atemporal e colocou o sonoro "woo-hoo" em muitas memórias dos jovens de 30 anos. Ainda hoje, sempre que uma música mais alinhada a esse estilo entra na seleção, os fãs a classificam com o “selo FIFA”, como “Trouble’s Coming”, da britânica Royal Blood, um lançamento exclusivo do FIFA 21.

Steve Schnur, presidente do Grupo Musical da EA, chegou à empresa em 2001 com a missão de criar uma playlist que impactasse a nova geração. “Nós queríamos músicas que soassem como um estádio. Não precisava soar como os jogos dos seus pais. Nós sempre focamos nas pessoas entre 12 e 24 anos, porque é nesse período que a música mais impacta a sua vida”, afirmou Schnur à Goal.

O processo de escolha das canções leva cerca de um ano e os critérios de seleção estão em constante evolução para refletir o senso de comunidade do esporte, abrindo espaço para gêneros como pop, hip hop, eletrônica e grime. “Nosso objetivo principal é ouvir localmente e agir globalmente. Como a natureza do FIFA, toda a equipe musical da EA quer criar – e comercializar – uma trilha sonora cheia de emoção imprevisível, onde tudo pode acontecer a qualquer momento com qualquer nação, durante a temporada da FIFA e na experiência do jogo”, declarou Cybele Pettus, supervisora sênior de música da EA, em entrevista à Dream Team em 2018.

O primeiro grande palco de novas estrelas

Quando uma canção nova é selecionada para a trilha do FIFA, toda a estratégia de lançamento é afetada. A gravadora inglesa AWAL contou à Variety sobre o planejamento envolvido no single “Does It Make You Feel Good?”, do escocês Joesef. A música estreou nas plataformas de streaming no dia 7 de outubro de 2020 e a reprodução da canção teve um aumento de 680%, no Spotify, entre os dias 8 e 9 de outubro. O single “Wish I Was Younger”, do inglês Alfie Templeman, lançado em julho passado pela AWAL, apresentou crescimento de 1.200% no dia do lançamento da playlist do FIFA 21, segundo a Variety.

A lista não apenas reflete as tendências atuais, como prevê as futuras. Another Sky, uma jovem banda de Londres, figurou na playlist do FIFA 20 com a música “The Cracks” e a vocalista e guitarrista, Catrin Vincent, contou à Goal que angariou fãs da França até o Brasil. “Nos afetou muito. Mostrou as pessoas que nossa música é importante. Eu acredito que não há nada que o FIFA não possa fazer pelos artistas. Esperamos ver um efeito real nas turnês e na possibilidade de ir a locais que normalmente sequer sonharíamos em ir”.

FIFA foi um dos primeiros a apostar em músicos que hoje são grandes estrelas, como Billie Eilish (no FIFA 19, com “You Should See Me In A Crown”) e Disclosure (estreou no FIFA 14 com “F for You”). Até para os nomes já consagrados no cenário o game funciona como um

... palco diante das novas gerações.

Schnur afirmou à Goal que a empreitada tem dado certo porque o futebol abraça a cultura global e nunca apagou a cultura de seus jogadores nem dos jovens fãs. O presidente declarou à GQ que países como Brasil e Argentina sempre foram importantes e significativos para o esporte e, por isso, sempre estão no radar musical da EA. O game já teve canções de Marcelo D2, Zeca Pagodinho, Emicida, Baiana System, Ivete Sangalo, Céu, Seu Jorge, Tribalistas, Cansei de Ser Sexy (CSS) entre outros.

Ditando os comportamentos do concorrente

Desde o FIFA 20, a EA Sports investe também na trilha sonora do VOLTA, caracterizada por um som que se aproxima mais das ruas, para ambientar as partidas de street football, além do FIFA Ultimate Team (FUT) e do Modo Carreira. O FUT permite ainda a customização da canção que tocará no estádio quando o jogador marcar um gol no FIFA 21. As músicas vêm em pacotes ou podem ser adquiridas no mercado de transferência. Segundo o Games Radar, o single “Kernkraft 400”, da banda alemã Zombie Nation e tema do clube italiano AC Milan, é a mais popular do jogo e uma raridade no mercado, podendo custar 5.000 moedas, o valor máximo.

O perfil da EA Sports FIFA, no Spotify, conta com todas as playlists desde a edição 14 do game. A preferida dos usuários do app é a do FIFA 16, com mais de 168 mil curtidas e composta por 39 faixas. As trilhas sonoras do jogo influenciaram também a identidade musical do Pro Evolution Soccer (PES), produzido pela japonesa Konami desde 2001. A maioria das canções do game eram de autoria de Nekomata Master, produtor da empresa, segundo a Noisey Italy. O PES 5 revolucionou ao trazer a abertura ao som de “Club Foot”, da banda inglesa Kasabian, que também entrou na lista do FIFA 13.

“[A playlist do FIFA] costumava influenciar a cultura global e agora se tornou a própria cultura. Se sentimos que a música tem poder para marcar sonoramente a vida de alguém, quando ela olha para trás e diz ‘Oh eu lembro dessa música do FIFA 18’, então é isso que queremos”, concluiu Steve Schnur em entrevista à Variety.

Com informações de Variety, Vice e Goal

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