O turbo é uma especificação comum em processadores que pode confundir alguns usuários. Ao se deparar com duas velocidades máximas diferentes para uma única CPU, é importante entender como funciona e em quais situações o recurso deve ser considerado.

Afinal, qual número conta de fato: o máximo com ou sem turbo? Há diferenças entre a função nos chips da AMD e da Intel? Nas placas de vídeo funciona da mesma maneira? A seguir, você vai conhecer melhor o recurso nos processadores e entender como e quando ele é utilizado.

Tecnologia do turbo está presente em grande parte dos processadores modernos (Foto: Divulgação/Lenovo)

A ideia por trás do turbo em um processador está relacionada com o fato de que nem sempre a CPU precisa estar funcionando em sua capacidade máxima. Há algumas décadas, antes da introdução dessa tecnologia, os componentes tinham velocidade de operação fixa. Um Intel 486 de 66 MHz, por exemplo, rodaria na mesma velocidade o tempo todo – você exigindo muito da máquina ou não.

Na prática, o processador não precisa atingir seu máximo na maior parte do tempo e mantê-lo operando sempre na velocidade mais alta gera maior gasto de energia, além de aumentar a temperatura do chip.

A partir disso, engenheiros perceberam que era possível fazer com que o suprimento de energia oscilasse – regulando o ritmo das CPUs de acordo com a exigência e, consequentemente, reduzindo calor, consumo e ruído. A evolução também levou ao processo inverso: se é possível desacelerar os chips, aumentar as velocidades em determinadas situações também. Vale ressaltar que o procedime

... nto também ocorre nas placas de vídeo de Nvidia e AMD, assim como em processadores de smartphones.

Frequência (velocidade) base vs. Boost

Processadores com turbo têm duas velocidades diferentes na ficha técnica: a base e a obtida via Turbo (Foto: Divulgação/AMD)

Nas fichas técnicas de processadores que oferecem turbo, o consumidor sempre encontra dados referentes a essas velocidades. O Intel Core i7 8550U, por exemplo: esse quad-core tem velocidade de 1.8 GHz como base e pode chegar a 4.0 GHz via turbo.

Isso significa que a velocidade padrão da CPU é 1.8 GHz. Nessa faixa de frequência, o i7 8550U pode acionar todos os seus quatro núcleos e deixá-los rodando indefinidamente: o consumo será estável e não ocorrerá superaquecimento. A velocidade base é o melhor padrão possível de operação da CPU e representa sua especificação de velocidade mais importante.

O turbo, por sua vez, pode levar o i7 8550U a 4,0 GHz durante um curto intervalo de tempo em que apenas um ou dois núcleos são acelerados. Depois de alguns instantes, com o aumento da temperatura, o processador desacelera e volta ao padrão de operação.

Como funciona o turbo?

Basicamente, existe um controlador embutido na placa que percebe o aumento da demanda, aumentando sua velocidade. Isso acontece com o aumento da voltagem da corrente que alimenta a CPU, assim como para um overclock manual. O efeito disso é um aumento expressivo, mas que tende a gerar mais calor e aumentar o consumo elétrico.

Existem diferentes aplicações da tecnologia, a depender da fabricante. Os processadores da Intel, por exemplo, utilizam o Turbo Boost 3.0, que aplica uma série de ferramentas de controle e de eficiência para obter melhores resultados. A AMD, por sua vez, traz em seus chips um turbo avançado com acionamento progressivo, chamado de Precision Boost, que pode apresentar resultados melhores em computadores com bom sistema de refrigeração.

Outro fator que interfere na questão é o formato. Modelos voltados para notebook têm um limite quanto ao calor gerado, enquanto um componente premium para gamers explora o turbo com maior liberdade.

O "mito" do ganho de velocidade

Em muitas situações, o turbo não se traduz num ganho absoluto de velocidade em todos os núcleos (Foto: Divulgação/Intel)

O turbo em processadores passa a impressão de que uma CPU, usando essa funcionalidade, terá um ganho de performance expressivo. Isso não necessariamente é verdade: como vimos, o acionamento do boost está diretamente relacionado ao consumo e à produção de calor, funcionando por curtos intervalos de tempo para situações específicas.

Por conta disso, o mais correto é tratar a tecnologia como “boost”, termo que pode ser traduzido do inglês como “impulso”. Assim, a CPU aproveita alguma margem de manobra em termos de dissipação térmica e exigências das aplicações usadas, além de ganhar maior desempenho por um período curto de tempo.

Outro ponto importante é que nem sempre o turbo é acionado para todos os núcleos, dependendo do modelo do processador. Na prática, isso significa que nem todas as aplicações vão se beneficiar de forma igual da tecnologia, e que o ganho de performance pelo recurso pode não ser tão expressivo quanto os números apresentados nas fichas técnicas.

Diferenças entre Intel e AMD

Processadores Ryzen recompensam consumidor com sistema de refrigeração robusto ao tornar o turbo ainda mais agressivo (Foto: Divulgação/AMD)

A Intel tem aplicado na nova geração do Turbo Boost um recurso que mapeia os núcleos da CPU para descobrir qual é o mais indicado para ter o aumento de desempenho. A vantagem dessa medida é a possibilidade de escolher a forma ideal de atuação, viabilizando um boost de intervalo maior.

Já a AMD traz a tecnologia Precision Boost, capaz de realizar a oscilação de velocidade de forma progressiva, evitando o "throttling", diminuição forçada de performance para evitar danos ao chip. Outro diferencial, exclusivo de processadores Ryzen, é o XFR. A função analisa a capacidade do sistema em liberar o calor gerado e, caso perceba que o sistema é eficiente, permite à CPU maior agressividade no turbo. Assim, o componente pode apresentar ganhos de desempenho que podem chegar a 7%, segundo a fabricante.

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