A suposta espionagem dos celulares a partir de seus microfones tem tudo para continuar sendo somente uma lenda urbana. Pesquisadores dos Estados Unidos realizaram um estudo e confirmaram que mais de 9 mil aplicativos de Android podem coletar as informações dos usuários, mas de uma maneira inesperada: por meio de capturas de tela. São arquivos que mostram exatamente o que aparece no display do telefone.

A pesquisa feita na Universidade Northeastern põe em dúvida a teoria de que o Facebook usa o telefone para ouvir as conversas ao redor e depois mostrar anúncios. No estudo, nenhum aplicativo gravou áudios enquanto os smartphones estavam inativos.

Pesquisa aponta que apps para Android podem estar espionando celulares por meio de capturas de tela (Foto: Lucas Mendes/TechTudo)

Foram analisados 17.260 aplicativos, sendo que cerca de 53% têm potencial para vazar dados de usuários. Para essa descoberta, os pesquisadores utilizaram ferramentas que automatizam o uso dos programas e depois analisaram o tráfego gerado em dez celulares com Android 4.4.4 e Android 6. Nos 21 casos de apps que enviavam essas informações pela internet, 12 realizavam essa ação sem o conhecimento do usuário.

O caso de maior destaque é o goPuff, um serviço americano para encomendar lanches, bebidas e sorvetes. O aplicativo estava coletando screenshots (também conhecidos como prints no Brasil) continuamente e enviando-as para a central do AppSee

... sem o conhecimento do usuário.

Criadores de aplicativos usam ferramentas como o AppSee para compreender o comportamento dos usuários, a fim de melhorar a interface e solucionar problemas. No entanto, o CEO do Appsee, Zahi Boussiba, reconheceu em entrevista ao jornal USA Today que o serviço pode ter sido utilizado indevidamente. Ele também afirmou que os rastreadores de comportamento foram desativados e que as informações guardadas pela empresa foram apagadas.

Usuários da App Store deram nota média 4,4 para goPuff (Foto: Reprodução / App Store)

Embora versões mais recentes do Android e iOS solicitem a permissão do usuário para liberar a apps o acesso a câmera, microfone, arquivos e sensores, a captura de tela não possui o mesmo nível de segurança. Isto pode facilitar o coleta de informações sensíveis, como dados de cartão de crédito e endereços, entre outros, mesmo sem o conhecimento dos donos.

Aos pesquisadores, o Google afirmou que monitora constantemente os aplicativos disponibilizados na Play Store e que estão tomando medidas para melhorar a transparência entre desenvolvedores e consumidores. O goPuff não respondeu pedidos de entrevista feitos pela imprensa estrangeira, mas modificou a política de privacidade para informar sobre a coleta de dados.

Coleta de informações por microfone

Embora o estudo evidencie a espionagem por outros meios, isto não significa necessariamente que nenhum aplicativo utilize o microfone para coletar informações indevidas dos usuários. As evidências da pesquisa foram coletadas por meio de ferramentas que automatizam o uso desses apps, ou seja, sem interação humana.

Zuckerberg chamou hipótese de “teoria da conspiração” em depoimento no Congresso dos Estados Unidos (Foto: Reprodução)

O questionamento surgiu com queixas contra o Facebook em fóruns e redes sociais. Um participante do fórum Reddit alegou ter colocado o smartphone próximo a uma televisão com um programa em um idioma diferente. Ele disse que a rede social passou a exibir anúncios em espanhol. Na época, um executivo da empresa negou as acusações.

O CEO Mark Zuckerberg também negou a hipótese durante um depoimento ao Congresso dos Estados Unidos, após o caso Cambridge Analytica e supostos vazamentos de dados pelo app do Facebook Messenger. Segundo Zuckerberg, a acusação não passa de “teoria da conspiração”.

Com informações: USA Today, Gizmodo e Northeastern University (1 e 2)

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