O Facebook anunciou, nesta quinta-feira (5), diversas medidas para reduzir a coleta de dados e restringir o acesso de terceiros a informações de seus usuários. Uma das principais mudanças acontece nos apps Messenger e Facebook Lite no Android, que deixam de obter dados detalhados de chamadas do celular.

Os números sobre o escândalo da Cambridge Analytica também foram atualizados. A quantidade de perfis vazados aumentou de 50 milhões para 87 milhões. Dessas contas, 450 mil teriam sido obtidas no Brasil. A seguir, conheça todas as modificações prometidas pela rede social para contornar o problema.

Dados coletados do Facebook Messenger devem sofrer diminuição com as mudanças de privacidade (Foto: Marvin Costa/TechTudo)

As mudanças de privacidade do Facebook têm foco principal no caso da Cambridge Analytica, mas envolvem medidas que atingem a coleta de informações da própria rede social. É o caso da gravação do histórico de ligações de celulares com Android pelos apps Messenger e Facebook Lite. Embora a obtenção desses dados já ocorresse há anos, a situação ganhou notoriedade após um usuário descobrir uma lista de chamadas feitas pelo seu celular pessoal no backup do Facebook.

Os dados continham números de ligações efetuadas e recebidas, e até a duração das conversas. A coleta dessas informações era permitida de forma mais abrangente no passado, em celulares rodando até o Android 4.1. No entanto, mesmo em

... versões mais recentes do sistema do Google, o Facebook seguia obtendo o histórico telefônico completo se o usuário concedesse as permissões necessárias.

A companhia de Mark Zuckerberg afirma que deixará de gravar dados tão detalhados de ligações do usuário. A promessa é salvar apenas o suficiente para alimentar a ferramenta de sugestão de novos amigos da rede social.

“Analisamos esse recurso para confirmar que o Facebook não coleta o conteúdo das mensagens e excluiremos todos os registros com mais de um ano. No futuro, o aplicativo só fará o upload para os nossos servidores das informações necessárias para oferecer esse recurso [de sugestão de amigos] – e não dados mais abrangentes, como o horário das chamadas”, explica o comunicado da empresa.

Outras mudanças

O Facebook diminuiu o acesso a dados de usuários por apps e serviços conectados à conta. Desenvolvedores terão menos permissões para explorar eventos e grupos dos quais o usuário participa. O mesmo vale para apps feitos para rodar em páginas ou que usam o login automático com o perfil do Facebook.

Na maioria das situações, além de reduzir a quantidade de dados entregues, a empresa deverá aprovar o acesso antes de conceder permissões às informações requisitadas. Em contrapartida, funções como o agendamento de posts e a importação de entradas do calendário para outros apps poderão ser afetadas.

A busca universal do Facebook também ficará mais limitada para proteger perfis. A partir de agora, não será mais possível buscar alguém usando um número de telefone ou e-mail. A função existia até então como uma forma simples de encontrar um amigo sem saber o nome completo da pessoa. No entanto, o recurso também facilitava a ação de hackers que testavam informações roubadas em outro lugar para localizar indivíduos na rede social.

Além disso, a ferramenta de recuperação de conta sofrerá mudanças para reduzir as chances de vazar dados a pessoas não autorizadas.

As medidas se unem às novidades de privacidade já anunciadas pela plataforma nos últimos dias. É o caso da função de controle de apps para facilitar a identificação de serviços que têm acesso às suas informações, do cancelamento da parceria do Facebook com empresas de dados, e da restrição de acesso à API do Instagram para aplicativos de terceiros.

Facebook irá oferecer ferramenta de checagem de apps na rede social (Foto: Divulgação/Facebook)

Caso Cambridge Analytica

O Facebook está no centro de uma polêmica de invasão de privacidade após a revelação de que a empresa Cambridge Analytica teria obtido indevidamente os dados de 50 milhões de usuários da plataforma. A atuação da assessoria de marketing político já estava sob suspeita desde 2016, com seu envolvimento na campanha de Donald Trump à presidência dos EUA. No entanto, só agora os métodos pelos quais as informações foram coletadas vieram à tona.

A Cambridge Analytica usou um jogo de teste psicológico para explorar brechas de segurança do Facebook e obter os dados tanto de quem aceitou responder às perguntas do aplicativo, quanto de todas as pessoas nas suas listas de amigos. Isso significa que mesmo quem não aceitou os termos de uso do app teve seus dados entregues de graça para a empresa britânica.

Agora, o Facebook divulga um novo número de usuários afetados pelo vazamento de informações. De 50 milhões, a previsão subiu para 87 milhões de contas coletadas, a maioria nos EUA. Dessas, 450 mil foram de usuários brasileiros. O Brasil fica em oitavo lugar na lista de países com mais vítimas, atrás de Índia, Canadá, México, Reino Unido, Indonésia, Filipinas e Estados Unidos.

Com informações: Facebook

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