Uncharted 4: A Thief's End oferece em seu menu a possibilidade de habilitar diversas configurações de acessibilidade. Pouco comum em grandes títulos, essas opções permitem que jogadores com diferentes tipos de deficiência ajustem o game de forma que consigam viver a experiência completa, isto é, independentemente, sem a ajuda de terceiros.

Confira o review completo de Uncharted 4: A Thief’s End

Tudo começou após Josh Straub, um jogador com paralisia cerebral e dono de um site que avalia o nível de acessibilidade dos jogos, entrar em contato com Alexandria Neonakis, designer da interface da Naughty Dog, e contar sua história. Confira mais detalhes abaixo, além de encontrar algumas das soluções implementadas em Uncharted 4 para facilitar a vida de pessoas com deficiência.

Luta por igualdade

Josh Straub é o fundador do site DAGER System, onde ele avalia diversos games não apenas em relação à aspectos técnicos como gráficos, áudio, jogabilidade, entre outros. Seus reviews focam principalmente no quão acessível o jogo é para os deficientes. Uma de suas maiores frustrações foI ter pago $60 em Uncharted 2: Among Thieves e nunca ter conseguido finalizá-lo por conta das sequências que exigiam apertar os botões rapidamente e seguidas vezes.

Straub avalia a acessibilidade dos jogos em três diferentes áreas: visual, ou seja, se as cores e a exigência de atentar a detalhes não prejudicam quem tem problemas de visão; motricidade fina, isto é, o quanto o jogo exige que o jogador faça movimentos muito precisos; e auditiva, ou seja, se há soluções que não afetarão a experiência de deficientes auditivos, por exemplo ao serem incluídas legendas.

Josh Straub, fundador do site D.A.G.E.R, que avalia o quão acessível são os jogos (Foto: Reprodução/YouTube)

Entre alguns jogos que foram avaliados recentemente estão Far Cry Primal, que ganhou nota baixa pela baixa acessibilidade, e XCOM 2, que ganhou muitos elogios por permitir que deficientes vivam toda a experiência do game sem problemas – Uncharted 4 recebeu o mesmo conceito graças às soluções incluídas no jogo.

Certo dia Straub entrou em contato com Alexandria Neonakis, designer de interface da Naughty Dog, e perguntou se poderia conversar com ela durante a Game Developers Conference, famoso evento de desenvolvedores de jogos. Ele contou sua história, inclusive os problemas com Uncharted 2, que foi repassada por Neonakis aos diretores de Uncharted 4, que aceitaram o desafio.

Apertar botões em sequência

Os jogos da franquia Uncharted sempre exigiram bastante destreza dos jogadores, principalmente ao exigir repetidos apertos de botões. Portanto, uma das primeiras medidas foi permitir configurar o jogo de tal forma que, ao segurar um botão, o próprio game faria a repetição dos apertos. Isso acontece, por exemplo, quando é preciso abrir portas ou em sequências de luta corporal, onde os botões devem ser pressionados seguida e rapidamente. Essa solução evita os problemas que Straub e outros milhares tiveram com Uncharted 2.

... dR07s4cDfYRxM=/695x0/s.glbimg.com/po/tt2/f/original/2016/05/23/uncharted-4-opcoes-acessibilidade.png" width="695">Uncharted 4 oferece diversas opções de acessibilidade (Foto: Reprodução/YouTube)

Evitar o uso do direcional direito ao máximo

Outra características primordial dos jogos Uncharted (e de muitos outros) é a necessidade de usar com precisão o direcional da direita. Com ele é feita a movimentação da câmera e também o ajuste da mira durante o tiroteio. Como Uncharted 4 é um jogo focado em cobertura (isto é, se esconder atrás de objetos para se proteger ao mesmo tempo em que investiga o cenário movimentando a câmera), foram necessários diversos testes para se chegar à uma boa solução.

Ao ligar as opções de câmera e mira automática, o jogo oferece um auxílio ao jogador com deficiência. Ao se esconder ou correr em direção à um inimigo, a câmera se move rapidamente e de forma automática, mostrando adversários que estejam próximo. O mesmo acontece com a mira, que trava em um inimigo.

Daltonismo

Um dos desenvolvedores de Uncharted, ao entrar para a equipe que estava implementando o modo multiplayer, notou que sempre eram usadas as cores vermelho e verde para designar os times. Por ser daltônico ele não conseguia diferenciar quem era sua equipe e em quem deveria atirar. Ele sugeriu então trocar o verde pelo azul, o que resolveu o problema. Essa mudança não é configurável, ou seja, não é necessário entrar no menu de opções de acessibilidade para fazer esse ajuste.

Mudança da dor dos times de azul para verde foi feita para ajudar daltônicos (Foto: Reprodução/YouTube)

Para finalizar deixamos a frase de Straub, que provavelmente é a opinião de muitos jogadores com algum tipo de deficiência. “Quando eu ligo um jogo como Uncharted eu não estou, você sabe, confinado à uma cadeira de rodas. Eu me transformo em um fanfarrão, um atrapalhado caçador de tesouros, como Nathan Drake. Esse breve período de fuga é a razão da acessibilidade ser tão crucial. Porque, quanto mais jogos oferecerem essa possibilidade, mais pessoas com deficiências poderão viver outras realidades e tornar suas vidas melhores”.

Confira abaixo um vídeo que conta mais detalhes das funcionalidades de acessibilidade de Uncharted 4: A Thief’s End:

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