A geração 16-bits foi um marco histórico para os videogames. Foi no Mega Drive e Super Nintedo que nasceram os primeiros jogos com representatividade LGBT (embora não da maneira como se esperava) e com foras da lei como protagonistas. Quando os primeiros jogos de temática violenta, como Mortal Kombat e Doom, começaram a ganhar popularidade entre os jovens, algumas medidas foram tomadas para censurá-los. O TechTudo preparou uma lista de 10 games da era 16-bits que causaram muita polêmica. Confira:

Mortal Kombat (Mega Drive e Super Nintendo)

Não dá para falar de jogos polêmicos dos anos 90 sem mencionar Mortal Kombat. Lançado em 1992 para arcades, o game de luta chegou aos consoles no ano seguinte e deixou muitos pais de cabelo em pé por conta da violência sem precedentes. Mesmo que as versões para SNES e Mega Drive não contassem com sangue (no console da Sega era preciso usar um código para isso), ainda era possível aplicar os cruéis Fatalities. Além disso, as imagens digitalizadas de atores davam uma sensação de realismo poucas vezes vista.

Quer comprar consoles, jogos e outros produtos com desconto? Conheça o Compare TechTudo

A gritaria nos EUA foi tanta que obrigou os congressistas e a imprensa a debaterem sobre a questão. Em 1994 nasceu a Entertainment Software Rating Board (ESRB), órgão criado pela própria indústria de games para normatizar e fazer a classificação indicativa de seus produtos. Assim, pais poderiam saber se o conteúdo de determinado game era apropriado para seus filhos.

Em outros países, o Mortal Kombat também foi censurado ou simplesmente proibido de ser vendido. É o caso do Brasil, que baniu o game — entre outros títulos, como Doom, Postal e Duke Nukem 3D — após um atirador abrir fogo dentro de um cinema de São Paulo em 1999, matando três pessoas. Segundo uma juíza na época, esses jogos violentos teriam causado alguma influência negativa no acusado.

... 1.5,12 L11.5,12 C12.1875,12 12.75,11.4130435 12.75,10.6956522 L12.75,2.86956522 C12.75,2.15217391 12.1875,1.56521739 11.5,1.56521739 L9.51875,1.56521739 L8.375,0.260869565 L4.625,0.260869565 L4.625,0.260869565 Z M6.5,10.0434783 C4.775,10.0434783 3.375,8.5826087 3.375,6.7826087 C3.375,4.9826087 4.775,3.52173913 6.5,3.52173913 C8.225,3.52173913 9.625,4.9826087 9.625,6.7826087 C9.625,8.5826087 8.225,10.0434783 6.5,10.0434783 L6.5,10.0434783 Z" id="Shape"> Mortal Kombat chegou a ser banido no Brasil por causa da violência (Foto: Reprodução/Games Radar)

Doom (Super Nintendo)

Outro caso envolvendo atiradores foi no massacre de Columbine, em 1999, em que dois estudantes fortemente armados atacaram uma escola nos EUA, matando 13 pessoas e se suicidando em seguida. Na época, diversos motivos foram atribuídos ao atentado, como casos de bullying e de problemas mentais, mas foi bastante explorado também o fato de ambos serem fãs de Doom. Inclusive, eles passavam o tempo criando fases no editor de mapa do game.

O fato é que Doom, lançado em 1993 para PC e em 1995 para SNES, já era alvo de controvérsia desde sua origem. Sua jogabilidade realista para a época e temas supostamente envolvendo satanismo fizeram o game de tiro em primeira pessoa ganhar fama de má influência para os jovens. Por outro lado, para quem é gamer, Doom é um divisor de águas entre os jogos de tiro em primeira pessoa, ganhando diversas homenagens e até um filme de Hollywood.

O clássico Doom já foi tido como uma influência negativa para os jovens (Foto: Reprodução/Escapist Magazine)

Lethal Enforcers (Mega Drive e Super Nintendo)

Assim como Mortal Kombat, Lethal Enforcers foi alvo de muita controvérsia nos anos 90 pelo fato de usar imagens digitalizadas de atores em cenários violentos. Lançado para fliperamas em 1992 e para Mega Drive e Super Nintendo nos anos seguintes, o game no estilo tiro sobre trilhos (rail shooter) conta a história de um policial que precisa salvar a cidade das mãos de uma gangue de criminosos. O problema é que há diversos reféns no meio do caminho e é preciso tomar cuidado para não atirar neles.

A versão para consoles vinha com o acessório Konami Justifier, uma réplica de pistola que tinha a desvantagem de só funcionar em Lethal Enforcers. Era possível jogar com duas pessoas adquirindo uma segunda arma ou então usando o controle normal.

Um detalhe curioso é que as versões tinham diferenças entre si. Por conta da política da Nintendo na época de evitar imagens consideradas violentas, o game foi censurado no SNES. Não é possível, por exemplo, matar os reféns e algumas cenas com os chefões das fases foram cortadas para evitar imagens mais fortes.

Lethal Enforcers: imagens realistas incomodaram as autoridades (Foto: Reprodução/NintendoComplete)

Wolfenstein 3D (Super Nintendo)

Além de Doom, o console da Nintendo recebeu o também polêmico e clássico game de tiro em primeira pessoa Wolfenstein 3D. Só que para evitar problemas, a Big N acabou pedindo uma série de mudanças, sendo a mais significativa a exclusão de qualquer menção ao nazismo. Por isso, Hitler perdeu seu tradicional bigode e passou a se chamar "Staatmeister" no game.

Além disso, os inimigos passaram a falar inglês em vez de alemão, cães se tornaram ratos gigantes mutantes e a quantidade de sangue foi atenuada. Mas, por conta disso, essa versão ganhou uma nova história e novas armas, como um lança-chamas.

Ao que tudo indica, esse excesso de zelo por parte da Nintendo ficou no passado. Tanto que Wolfenstein II: The New Colossus foi lançado para Switch em 2018 sem qualquer corte ou mudança em seu design.

Wolfenstein 3D para SNES não tem nazistas (Foto: Reprodução/SaikyoMog)

Splatterhouse (TurboGrafx-16 e Mega Drive)

Antes de Mortal Kombat causar arrepios pela sua violência insana, outro game vindo do Japão já causava algo parecido nos arcades. Splatterhouse, lançado em 1988 pela Namco, é um jogo do tipo side-scrolling com temática inspirada em filmes de terror. Inclusive o protagonista do game, Rick, tem o visual semelhante ao de Jason Voorhees, astro de Sexta-Feira 13.

A estreia de Splatterhouse nos consoles aconteceu em 1990 com o TurboGrafx-16 (chamado também de PC-Engine em outras regiões). Por conta do alto grau de cenas chocantes, o port teve que ser quase que completamente alterado: a quantidade de sangue foi diminuída, o facão foi substituído por um pedaço de pau e alguns chefões foram redesenhados. Mesmo assim, o game vinha com a seguinte mensagem na capa: “O tema macabro deste jogo pode ser inapropriado para crianças… e covardes.”

A série ganhou duas continuações, ambas exclusivas para Mega Drive. Splatterhouse 2 foi lançado em 1992 e era tão violento quanto a primeira versão de arcade. Curiosamente, só quando o Splatterhouse 3 chegou às lojas, em 1993, que os congressistas norte-americanos viram que tinha algo de errado e o colocaram na lista dos games prejudiciais às crianças, ao lado de Mortal Kombat e Night Trap.

Série Splatterhouse foi inspirada em filmes de terror (Foto: Reprodução/NintendoComplete)

Atomic Runner (Mega Drive)

Embora Atomic Runner seja no Ocidente apenas mais um shooter de plataforma no estilo Mega Man, no Japão o game se tornou alvo de grande controvérsia. Lançado para arcade em 1988, seu título original é Chelnov e conta a história de um mineiro russo que sobrevive a um acidente em uma usina nuclear. Por conta disso, ele ganha poderes e passa a ser perseguido por uma organização secreta.

Coincidência ou não, o nome e a história lembram em muito os acontecimentos em Chernobyl em 1986, em que um grave acidente em uma usina matou 31 pessoas, espalhou radiação sobre parte da Europa e transformou a cidade em uma zona inabitada. Era um tema ainda sensível para a época e, por conta disso, houve muitas críticas pela maneira como o game usou a tragédia.

Então, para o port feito para Mega Drive, lançado em 1992, a produtora Data East resolveu mudar tudo, a começar pelo nome do jogo. Além disso, a história também foi recriada do zero: agora o jogador é um cientista que precisa resgatar sua irmã mais nova das garras de aliens invasores usando uma roupa que lhe proporciona super-poderes.

Atomic Runner: história inspirada em Chernobyl pegou mal no Japão (Foto: Reprodução/NintendoComplete)

Fighter's History (Super Nintendo)

Outro game da Data East que causou polêmica foi o Fighter's History. Neste caso, o problema foi por conta de acusações de plágio. Lançado para arcades em 1993 e no ano seguinte para SNES, o game de luta é uma cópia quase idêntica de Street Fighter II, lançado em 1991.

Tanto que a Capcom entrou como uma ação proibindo a distribuição das máquinas por infringir direitos intelectuais. O pedido, porém, acabou sendo negado e Fighter's History pode ser comercializado normalmente.

A alegação da Capcom é que muitos dos personagens eram praticamente os mesmos de Street Fighter II. E há uma certa razão nisso: Mastorius é uma versão mais cabeluda de Zangief, Makoto Mizoguchi é o Ryu sem camisa e Liu Feilin é o estereótipo da garota chinesa mestre em artes marciais como a Chun Li.

Em 1995, a série ganhou um spin-off exclusivo para SNES chamado Fighter's History: Mizoguchi Kiki Ippatsu!!, que foi lançado apenas no Japão.

Semelhança de Fighter's History com Street Fighter II é absurda (Foto: Reprodução/NintendoComplete)

Road Rash (Mega Drive)

Antes de Grand Theft Auto, poucos games colocavam o jogador na pele de delinquentes e foras da lei. Road Rash foi um dos primeiros da era 16 bits a fazer isso com sucesso.

Lançado em 1991 pela EA, Road Rash é um jogo de corrida de motos que simula disputas de rachas em estradas pelos EUA. Por conta da natureza ilegal da coisa, não há muitas regras: é possível distribuir socos nos oponentes ou usar pedaços de pau, pé de cabra e outros objetos para fazê-los cair e perder tempo. Só que além de se preocupar com os adversários, é preciso ficar alerta com a polícia, que pode prender o jogador e ainda te obrigar a pagar uma fiança.

Road Rash ganhou mais duas continuações para Mega Drive e versões para Playstation, Saturn e 3DO.

Viver como uma fora da lei? Em Road Rash era possível (Foto: Reprodução/Retro Spirit Games)

Final Fight (Super Nintendo)

Quando jogos de luta passaram a ficar mais famosos, muitos questionaram se esse tipo de entretenimento não incentivaria a violência contra a mulher. A questão não passou ilesa em Final Fight, game no estilo beat 'em up da Capcom. Afinal, há duas personagens femininas no elenco de adversários, Poison e Roxy (que na verdade usam o mesmo desenho com paleta de cores diferentes). Como proceder então?

A solução encontrada pelo criador e desenhista Akira Yasuda foi considerá-las mulheres transexuais. Para ele, essa mudança já aliviaria o problema. Só que, obviamente, isso não foi o suficiente, já que a versão norte-americana de Final Fight para SNES simplesmente tirou as personagens e as trocaram por dois marmanjos de nome Sid e Billy.

O fato é que Poison continua sendo uma personagem presente no universo da Capcom, aparecendo inclusive como uma das lutadoras de Ultra Street Fighter IV e de Street Fighter x Tekken. Só que seu gênero é até hoje alvo de polêmica já que a empresa nunca foi clara a respeito disso.

Gênero de Poison, de Final Fight, é até hoje um mistério (Foto: Divulgação/Capcom)

Streets of Rage 3

Outro beat ‘em up famoso, desta vez o Streets of Rage 3 de Mega Drive, provocou controvérsia pela maneira como representou personagens LGBTs. Na versão japonesa, um dos primeiros sub-chefes do jogo é um inimigo chamado Ash.

Por conta da maneira como se veste e por seus trejeitos, que são um estereótipo exagerado de um homem homossexual, ele foi considerado extremamente ofensivo para os padrões ocidentais. Por isso, na versão europeia e norte-americana, Ash foi substituído por Shiva, que era um dos chefões de Streets of Rage 2. Ainda assim, é possível controlar Ash usando um cartucho de cheats na versão modificada.

Personagem Ash pegou mal e foi cortado da versão ocidental de Streets of Rage 3 (Foto: Reprodução / SoRonline)



>>> Veja o artigo completo no TechTudo